sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Vôo do Gavião

Imagine voar sem precisar de uma companhia aérea.

Imagine voar sem precisar ir até o aeroporto, enfrentar filas ou fazer check-in.

Imagine um vôo sem avião, sem aquela demonstração cansativada e chata da comissária de bordo e sem todos aqueles procedimentos rotineiros.

Já imaginou? Agora pense estar a uma altura de 55 metros com um visual fantástico a sua frente e atravessando de um morro a outro. Isso pendurado apenas por dois cabos.

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Mas o esporte de aventura e a sensação de liberdade são só alguns dos pontos positivos da Chapada dos Veadeiros. Incontáveis belezas naturais com piscinas naturais, paredões rochosos, cachoeiras, e acima de tudo um astral e harmonia que parecem coisa de outro mundo!

Alto paraíso fica a 230 Km de Brasília (D.F.) e a área é protegida pelo Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, tido como Patrimônio Natural da Humanidade, pela Enesco.

Todos falam que lá é preciso passar pelo menos um mês pra sentir a essência do lugar. Mas passei apenas três dias e já vi que o astral de lá (e o visual) são coisas raríssimas de se encontrar.

Com menos de cem reais você consegue se hospedar nuns chalés ótimos, com quarto com frigobar e café da manhã bem típicos. Tudo muito natureba, mas pra quem não curte essa vibe, tem os tradicionais café com leite e pão com queijo.

Recomendo e Pousada Alfa e ômega, que além de ter chalés ótimos, tem dicas quentíssimas do seu Luiz.

ChaléAlfa e ômega. Tel: Seu Luiz. (62) 3446-1225

O deslocamento até as cachoeiras e trilhas pode ser feito por biclicleta, carro ou moto. Com muita disposição você consegue ir apé, mas as melhores cachoeiras ficam a 9 km. Pra quem não arrisca, você pode negociar uma corrida de moto-táxi (que custam em media 12 reais), alugar uma bike pelo preço de trinta reais ou fechar um pacote de passeio com um carro que te leva pra cima e pra baixo por uma faixa de cem reais a diária, mas nada que não possa ser conversado. Conhecemos um motorista chamado Jean que é ótimo em baratear e ainda dá dicas dos melhores lugares. Anotem o telefone dele (62) 8146-8321.

Depois do vôo do gavião na tirolesa, você pode fazer um passeio mais leve, visite a fazenda chamada “Loquinhas”. Com dez reais, você conhece 7 cachoeiras de cores e tamanhos diferentes e andar por uma trilha suspensa. Passeio gostoso, rápido e com uma vista ótima. O sossego e a temperatura (baixíssima) da água são peculiaridades.


Depois de uma tirolesa e um bom banho de cachoeira uma andada pela cidade é uma boa. Comer uma tapioquinha na praça e ver o estilo das pessoas que moram lá é uma boa experiência. Todo mundo bem tranquilão e o índice de hippies e esotéricos lá é bem alto. Aliás não se espante se estiver no restaurante e o garcon lhe disser que a mesa cheia de senhoras à sua frente está replete de bruxas, que resolveram se reunir nessa noite. Isso aconteceu comigo.

Para jantar, uma comidinha natureba ou uma massa, acompanhados de um bom vinho. Indico o café/restaurante Avalon. Lugar agradável, com um atendimento ótimo e uma cardápio que mistura requinte a comidinhas leves.

Segundo dia

Para começar bem o dia e sentir a energia do Alto Paraíso é imprescindível conhecer o Vale Dourado. Lá é o passeio para quem: quer ficar só, quer praticar esporte, quer conversar com Deus, quem quer namorar e curtir a natureza ou quer estar em galera para tomar banho de cachoeiras. Lá tem espaço pra tudo isso. Com um pouco de coragem você consegue fazer o bóia-croos. Descubra o que é aqui. E com disposição para caminhada você pode conhecer dezenas de cachoeiras, algumas sem trilha e por isso mais conservadas e outras próximas e com caminhos fáceis, mas nem por isso menos bonitas. O peculiar desse lugar é a energia. Por ficar a uns 13 km do centro de Alto Paraíso (e com uns bons km numa estrada de chão batido), o lugar é mais sossegado.

A recepção do senhor Dal col é algo ímpar. Ele conta que não é difícil encontrar o Guardião do lugar, um homem com “uns 3 metros de altura” que vigia o lugar e mora em uma gruta perto da cachoeira que recebeu o nome de Guardião. Lá existem ainda cachoeiras com o nome de altar e gruta. Para se “energizar bem”, seu Dalcol diz que é preciso passar pelas três. Lá não há como não parar um minuto e pensar na vida, nos desejos para o futuro e nas coisas que passaram. Há até quem ouça vozes de conselho no lugar. Pode parecer sinistro lendo aqui, mas a energia que rola por lá é algo difícil de transcrever.

Seu Dal col

Para o almoço, pelo menos um dia deve ser reservado ao restaurante do Seu Waldomiro. Que fica a uns 5 km do Vale Dourado. Localizado aos pés do morro da Baleia (nome dado porque as rochas se assemelham a uma baleia), lá você encontra cachacinhas, licores e dois pratos principais. A matula goiana e o outro que talvez seja o mais agradável: a conversa do dono do restaurante. Seu Waldomiro narra com muita segurança que já viu extra-terrestres no seu terreno e que isso é comum na região. E é bem fácil quem concorde com ele pela cidade, não precisa andar muito pra ouvir esses relatos de outras vidas que não as existentes no planeta Terra.

Se ainda estiver com disposição após a pesada Matula, vale dar uma esticada até o Vale da Lua. As formações rochosas do lugar são incríveis e é preciso ter cuidado ao nadar, a forte correnteza te leva fácil pra um buraco cheio de rochas que certamente te machucarão. O nome Vale da Lua foi dado possivelmente por conta das rochas remeterem claramente a crateras lunares. Dentro dessas crateras, se formam pequenas cachoeiras, grutas e poços. Esses últimos bem apropriados para banhos.

Terceiro dia

Como nem só de cachoeira vive o homem, o terceiro para mim foi o último dia em Alto Paraíso. Aliás um nome apropriadíssimo para o lugar. Nesse dia voltei ao início de tudo. Retornei para a fazenda São Bento (onde ocorre a tirolesa) para visitar as cachoeiras. Lá encontrei a cachoeira mais rústica, com a trilha mais difícil de achar, mas ainda assim bem próxima. Só alguns passos e já se ouvia o barulho forte da água e um vento igualmente forte parecendo isolar o mundo “de verdade” e todas as situações embaraçosas que nele existem. Lugar com um espaço ótimo para banhos. Para os mais corajosos uma dica: alguns moradores (sobretudo garotos) pulam de uma altura de 3 metros direto na cachoeira. Isso porque a profundidade do lugar permite que façam isso sem se machucar na queda. Eu preferi não arriscar, mas de repente você quer viver mais arriscadamente as cachoeiras do que eu.

Até a próxima e descubram mais sobre a Chapada dos Veadeiros e vejam mais fotos.





ÓPERA PROFANO: A EXPERIÊNCIA DE UM GRANDE ESPETÁCULO TEATRAL

Por Helder Bentes
Foto: João Ramid


Desde que o teatro renascentista e humanista italiano rompeu com as tradições do teatro medieval, a montagem de espetáculos teatrais experimenta de evoluções cênicas a mecanismos de infraestrutura, permitindo maior versatilidade nas representações. Mas toda essa dinâmica só acontece em função da cena, isto é, da ação que dá vida às personagens.

Frutos da imaginação criadora do premiado dramaturgo paraense Carlos Correia Santos, as personagens Baby, Tota, Mira, Lucas e Ângelo, do musical Ópera Profano, receberam, pela primeira vez, o “sopro da vida”, sob a direção de Guál Dídimo e Haroldo França. Ao lado do fantástico representado pela Misteriosa (Cacau Novaes) e seus conselheiros (Marlene Silva e Haroldo França), essas personagens dão o recado contra o preconceito sexual e religioso que impera em nossa sociedade.

O espaço cênico é o Cine Ópera, “um cinema sujo, dedicado ao prostituir-se” – como afirma um dos conselheiros da Misteriosa, representando a voz da sociedade que, a despeito de todos os avanços da pesquisa humanista e da antropologia teológica cristã, ainda cultivam preconceitos e julgamentos que certamente seriam muito mais condenáveis para Jesus do que a prática da prostituição em si. Digam-no as Marias Madalenas da vida. Só elas sabem a dor e a delícia de serem o que são.

A personagem evangélica que seria vítima de apedrejamento, não fosse a sabedoria divina de Jesus, na peça de Carlos Correia Santos, é representada por Baby, Tota, Mira (três travestis) e Lucas, um garoto de programa que ganha a vida no Cine Ópera.

Baby é vivida pelo ator Léo Meneses, para quem a personagem não deve ser engraçada, pois se trata de uma travesti contaminada pelo HIV, cujo último desejo é ver a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. A travesti começa a agonizar na véspera do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, bem na hora da saída da trasladação (procissão que leva a imagem da Virgem à Catedral de Belém, donde sai a procissão do Círio, no segundo domingo de outubro). As condições psicológicas da personagem, alvos da investigação amorosa da Misteriosa, e a dimensão espaço-temporal de Baby, ao longo da trama, justificam a preocupação do ator que, para dar vida a Baby, precisou contextualizá-la tal qual fazia Fernando Pessoa com seus heterônimos. “Imaginei Baby em três momentos de sua vida. Aos 13 anos, um menino humilde, homossexual efeminado. Depois aos 20, já se prostituindo, numa vida marginal. E finalmente aos 30, já doente” – explica o ator, que exerce sua especialidade em canto lírico no espetáculo e atua pela primeira vez no transgênero gay.

Tota é a travesti que se solidariza com o último desejo de Baby e rouba a santa da capela do Gentil Bittencourt, um tradicional colégio de freiras da capital paraense, donde tradicionalmente sai a trasladação. Representada pelo ator e diretor teatral Dário Jaime, Tota rouba a imagem da Virgem e, em vários momentos, a cena da peça, pela irreverência e simpatia que Dário lhe imprime. O ator é paraense da Vigia, faz teatro há 12 anos e não é a primeira vez em que atua na montagem de um texto literário. Professor de Letras e Artes, ele entende perfeitamente bem a fortuna artística que é o texto de Ópera Profano. Também contextualizou Tota, com a ajuda do próprio Carlos Correia Santos, e mergulhou no processo caótico da personagem. Isto o ajudou bastante a lhe dar vida. Questionador e ousado, Dário Jaime parece haver feito uma Tota meio à revelia da direção do espetáculo, no exercício pleno de sua liberdade artística.

O também professor e ator Fábio Tavares é quem vive a personagem Mira, travesti cinquentona que representa, ao lado de Nossa Senhora, o papel social das mães. Só que Mira é o lado ideologizado desta função materna, que tanto fora combatido pelo saudoso psiquiatra José Ângelo Gaiarsa. Formado em teatro desde 2008, Fábio Tavares vive, na verdade, três personagens em cena. Em dois deles exerce sua formação em canto lírico pela UEPA. Além da travesti Mira, ele vive a mãe de Baby, num retrocesso temporal, e o lado masculino de Mira, que não pudera exercer seu lado materno na paternidade. Trata-se de personagens tranquilos e equilibrados, mas Mira tem um lado malicioso e uma habilidade de dançar que também encantam o público.

O garoto de programa Lucas é vivido pelo ator Rafael Feitosa, estudante da Escola de Teatro e Dança da UFPA e dançarino da Banda Cheiro Verde, Rafael tem um corpo escultural e protagoniza duas das mais polêmicas cenas da peça, a do beijo gay e a do nu frontal masculino. Apesar disso, Rafael explica que o mais difícil é cuspir na imagem de Nossa Senhora de Nazaré em cena. Ele se declara católico e desabafa o quanto é difícil, sendo devoto de Nossa Senhora, fazer um personagem que considera mais santas as angústias que tem na alma. Apesar dessa dificuldade, desde a primeira cena, em que Lucas apresenta-se ao público como o corpo que é “cama para se deitar qualquer”, Rafael Feitosa demonstra realmente que cultivou a alma do personagem.

A grande revelação desta primeira montagem de Ópera Profano é o ator Tiago de Pinho, que vive Ângelo, um gay no armário, apaixonado por Lucas. Estudante de classe média que representa os puros que querem “gozar rápido e sem compromisso”, Ângelo reproduz o discurso hipócrita de quem depende da aprovação dos outros, é dominado pelo medo e por uma insegurança devastadora que corroi sua auto-confiança. O ator que vive Ângelo não tinha experiência teatral nenhuma, inscreveu-se para participar dos testes de seleção para a formação do elenco e ganhou o papel. Seu desempenho em cena e o feedback empático do público não só testificam a sacada de Carlos Correia Santos em se inspirar na realidade, para reproduzir esses tipos sociais, como também derruba por terra o mito das sistematizações acadêmicas como pré-requisito único para a práxis.

Com a devida autorização do autor, os diretores da montagem defendem um teatro musical, uma coexistência entre poesia e música, bem ao modo do que aconteceu na literatura lusa até meados do século XV e que a indústria cultural contemporânea, sobretudo a paraense, parece ignorar. Os atores entoam 17 canções em cena, assessorados pela sonoplastia de Ramón Rivera e Armando de Mendonça, que chegaram a um consenso no processo de criação de melodias, a partir de formações clássicas em instrumentos de corda. O espetáculo também conta com a participação especial da companhia Mirai, na composição das coreografias, e estará em cartaz até domingo, no teatro Maragarida Schivasappa, sempre às 20h00, com entrada a 10,00 (inteira) e 5,00 (meia).

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Fases da Bebedeira




1ª fase: A alegria... você começa a rir de coisas bobas
2ª fase: Negação... apesar de vc estar pra lá de Bagdá, vc continua falando que está sóbrio.
3ª fase: Amizade: vc começa a ficar amigo de todo mundo: do barman, do tio mendigo..
4ª fase: Cegueira. essa fase é muito perigosa pois nesse momento vc já começa a achar todo mundo bonito.
5ª fase: Invisível... nesse momento, vc acha que está invisível e que ninguém está te vendo... portanto, vc faz cagadas achando que ninguém nem percebeu, quando na verdade, todo mundo está olhando pra vc
6ª fase: Momento da verdade... perigoso pois vc começa a dizer as verdades pra todo mundo.
7ª fase: Nostalgia.. nesse momento vc chora dizendo que todo mundo ali é seu amigo do peito e não sabe o que faria sem eles... é nessa fase tb que as pessoas começam a ligar para os exs namorados.
8ª fase:Línguas. É a hora de falar inglês, espanhol, aramaico.
9ª fase: Depressão. depois de rir mto e se divertir, bate aquela depressão.
10ª fase:Amnésia.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Educação no Brasil

A WEB 2.0 e a Educação no Brasil…



O Mestre acordou, abriu os olhos e estranhou o lugar em que estava, lembrava-se de estar saindo de sua sala de aula, de ter escorregado, uma dor na cabeça e mais nada…
Passou a mão pela cabeça e sentiu seu cabelo comprido, olhou suas mãos e as viu enrugadas, coçou o rosto e sentiu uma longa barba…

Procurou o espelho e teve um susto, ao invés de um jovem com trinta e poucos anos, que há pouco tempo havia obtido seu título de Doutor em Educação, viu um velho enrugado…assustou-se e gritou… Uma enfermeira apareceu, gritou a todos que o Mestre havia acordado… Disseram-lhe que ele tinha dormido por 60 anos, que não era mais 1947 e sim 2007…

Ele começou a pensar nos milhões de perguntas a fazer, sua mente treinada em metodologia da pesquisa tentou classificá-las por ordem de importância, mas eram muitas… Somente uma pergunta pareceu-lhe adequada: O que aconteceu com o mundo e com o Brasil nesses anos todos? Várias vozes começaram a repetir frases e termos que ele não entendia, ele então, como bom professor, perguntou: tem alguma biblioteca onde eu possa pesquisar nos periódicos o que aconteceu?


Todos se entreolharam, os que entenderam o que ele quis dizer sorriram…
Alguém resolve que ele precisa se distrair um pouco e lhe dão o controle remoto da televisão,ele olha espantado aquela caixinha cheia de botões, não sabe o que fazer, alguém tomou a 19 caixinha e ligou a TV… Ele deu um salto para trás, ao ver aquela caixa se acender e alguém aparecer de dentro dela, mostrando cenas que, segundo a narração, se passavam no outro lado do mundo… Sua mente treinada a aprender pensou... Calma, é apenas um cinema portátil e perguntou:


Quando ocorreu isso? Responderam-lhe que estava acontecendo nesse momento, ele sentiu um calafrio percorrer a sua espinha, se não fosse uma pessoa esclarecida teria deixado a palavra que lhe veio a mente escapar: Mágica…
Perguntou novamente da biblioteca e falaram para ele procurar na internet…
INTERNET? Ele perguntou…

Sim responderam, a rede de computadores mundial… Ele arregalou os olhos… Computadores? Explicaram e ele ficou meio ressabiado, pediu para ler um Jornal, mostraram-lhe os Blogs.. Ele se assustou ao saber que cada um podia escrever o seu jornal, e mais, ele mesmo poderia comentar as notícias que lia, e mais incrível ainda, poderia discordar do jornalista e ali mesmo colocar a sua opinião…
Ele pediu então uma Enciclopédia atualizada… Mostraram-lhe a Wikipédia, dizendo-lhe que clicasse nos links, ele se maravilhou e perguntou, mas quem é que alimenta tudo isso, responderam qualquer um, atualmente são mais de 290.000 colaboradores…
Ele se assustou e perguntou, Mas quem controla tudo isso? Quem comanda o trabalho? Quem diz o que escrever?

A reposta foi: ninguém e todo mundo…

Ele pulou, o mundo estava louco ou ele estava, saiu correndo, saiu do hospital e chegou à rua… quase foi atropelado por centenas de carros, mais do que ele já havia visto em toda sua vida, todos ao mesmo tempo na rua, acelerando, freando, buzinando…
Ele correu, feito um desesperado, ainda com a roupa do hospital, um roupão aberto nas
costas… Então ele enxergou um prédio familiar, sujo é claro, pichado sim, mas reconheceu uma Escola,uma Escola publica…
Dirigiu-se para lá, entrou, esgueirando-se e foi para o último lugar seguro de que se lembrava, a sala de aula…

Sentiu certo conforto, a mesma lousa, o mesmo tipo de cadeiras, pelo desgaste deviam ser exatamente as mesmas de seu tempo… Encolheu-se em um canto e ficou ali, tentando colocar suas idéias em ordem… De repente entram os alunos, numa algazarra tremenda, ele enrubesceu… Entra então o Professor, que tem certo trabalho para controlar a classe e começa sua aula, o 20 velho Mestre parece ser o único a prestar atenção…

Ele percebe que, apesar da falta de atenção dos alunos, apesar da falta de disciplina, a aula era exatamente igual àquela que ele ministrava…
Respira fundo aliviado e pensa: Graças a Deus alguma coisa não mudou, pelo menos a
Educação do Brasil continua a mesma que há de 60 anos atrás…


Esse texto é uma adaptação e modernização do texto “O Velho Mestre”, repassado pela
Professora Lourdes Marcelino Machado há mais de 30 anos…

sexta-feira, 12 de março de 2010

Gaga e Beyonce


Depois do #erro que foi o clipe Video phone, Lady Gaga volta a uma parceria (mais performática do que musical) com Beyonce. Telephone,o mais novo clipe de Gaga é mais um ponto a consagrar a cantora como Diva Pop. Não pela voz ou beleza. Lady Gaga se destaca pelo poder performático e pela cenografia utilizada em seus clipes.

Assim como na década de 80, Michael Jackson chocou com Thriller, trazendo inovações com efeitos visuais e Madonna surgiu como uma roqueira bela e maldita, trazendo uma conotação de mulher livre: divórcio e liberdade sexual, Lady Gaga traz impacto para a indústria musical por buscar elementos originais: figurinos únicos, que transitam entre o futurismo, gótico e erótico com suavidade e leveza; o corpo como instrumento mediático como um dos pontos fortes dos videoclipes da cantora; e aspectos de sensualidade, que aparecem em closes ou em cenas em que a cantora livremente se relaciona com pessoas do sexo oposto ou não. No clipe Telephone ela aparece beijando outra mulher.

A ambientação que se passa este clipe é um cenário característico do estilo Gaga. Roupas diferentes, iluminação trabalhada para dar ideia de sujeira, abandono. Beyonce e Lady Gaga aparecem muito mais à vontade nesse videoclipe. Se em Vídeo phone a loira tenta se igualar a Beyonce e fazer parte do estilo rebolativo, em Telephone as cantoras aparecem cada uma no seu estilo, mas fazendo parte de uma construção audiovisual bastante coerente.

Note que em Vídeo phone Lady Gaga não aparece sozinha de corpo inteiro em nenhum momento. Ela só aparece de corpo inteiro ao lado de Beyonce, o que fica bem estranho no vídeo já que elas são bem desproporcionais em tamanho. O posicionamento da câmera para Gaga sempre é em closes do rosto. Já Beyonce, por ter um corpo escultural, aparece sempre dos pés à cabeça no vídeo. O estilo futurista também não combina com Beyonce e as roupas estilo Gaga parecem forçadas na cantora. Na hora em que as duas aparecem com roupas iguais, fazendo a mesma coreografia, a diferença salta aos olhos.

Gaga e Beyonce. Iguais na roupa. Desproporcionais no tamanho.

Em Telephone a parceria entre as cantoras torna-se mais sólida. Beyonce aparece ainda com maquiagem e figurinos futuristas, mas bem mais à vontade até mesmo no estilo musical que canta (vide o trecho em que Beyonce canta sozinha). Gaga também tem seu espaço com o estilo carão e sensualidade sem rebolado. A parte onde fica mais clara a segurança das duas é na parte final do videclipe. As cantoras aparecem lado a lado fazendo a coreografia e encarnando um figurino a la Mulher Maravilha.

Bem mais à vontade, respeitando cada uma o próprio estilo.

A duração do videoclipe (9 minutos) nos faz entender que Telephone ultrapassa a esfera musical e traz um enredo cinematográfico, uma história a ser contada que utiliza a música como um dos recursos. Assim como em Thriller, Lady Gaga se apropria da questão musical mas cria uma narrativa maior e mais complexa. Os recursos de edição com cortes secos, imagens rápidas aliadas a fotografia multicolor do videoclipe fazem alusão a quadrinhos de super heróis, com explosões coloridas na tela. De fato Beyonce e Lady Gaga são heroínas no videoclipe. Mulheres super poderosas que se defendem e tem uma parceria.

Bem que Cláudia Leite e Ivete Sangalo poderiam se inspirar nas divas do Pop. Parceria é o que há na contemporaneidade. #nãoàguerramusical.

To be continued...

Marcos Corrêa