domingo, 16 de outubro de 2011

Cultura Paraense

1. Tecnobrega: consciência e aceitação

Era uma vez uma civilização denominada indígena. Moravam na selva e dela extraíam alimentos e todo o necessário para sobreviver. Politeístas, criam e mantinham hábitos em equilíbrio com a natureza e possuíam uma rica e peculiar cultura.  Esses povos assistiram a chegada dos Europeus, brancos e católicos vindos em busca de terras e pessoas a conquistar; europeus trouxeram homens de pele negra para escravizá-los. Por anos, anos e anos o branco, rico e colonizador castigou negros e indígenas, proibindo que estes manifestassem suas crenças, suas musicas e danças.

                Balé da Amazônia: traços e trajes da cultura indígena revividos em dança

Hoje no século XXI se vive avidamente o processo que podemos denominar como contra-colonização cultural; o termo que parece pomposo conceitua a grande aceitação de formas de cultura antes renegadas ou vistas como marginalizadas pela população brasileira em geral. Visão herdada de um olhar estrangeiro, preconceituoso e elitista, que se baseava em pensamentos que menosprezavam traços culturais de civilizações marcadas pela resistência e riqueza cultural.

Antes os aspectos culturais de determinadas regiões brasileiras possuíam espaço na mídia como o de uma cultura de exotismo, que choca e tem lugar reservado (e restringido) ao local de origem. Hoje, inúmeras reportagens, matérias, pesquisas e eventos multiplicam a ideia de que “Belém está na moda”. O mais interessante desse fato é perceber que trata-se de um processo maior. Não é somente Belém ou a região amazônica que estão na moda. Os olhos críticos e ouvidos afinados do alto escalão da critica cultural brasileira tem dado atenção a formas de manifestação cultural antes marginalizadas e alijadas.

                "Gang do eletro" traz a batida do tecnobrega a cena musical nacional

Não somente Belém tem encurtado fronteiras; maracatu e afoxé pernambucanos e ritmos nordestinos em geral hoje também estão presentes no universo dos meios de comunicação; e o que mais importa: essas manifestações hoje são vistas como parte de uma só cultura, estão no imaginário da população brasileira. Vivemos o que parece um processo de aproximação de mundos antes distantes; o Norte não é um aparte no mapa, mas parte. A derrubada ou ao menos encurtamento de fronteiras não é somente um slogan das companhias telefônicas, é fato.

                 Gaby Amarantos em show no Estudio SP. Encurtando as fronteiras

A identidade cultural brasileira parece cada vez mais ter consistência e aceitação das diversas heranças que compõem o repertório cultural do país. Passo importante para maturidade de uma cultura que não sobrevive sem a pura aceitação de uma imensa teia de estilos, gostos, manifestações. 

 por: Marcos Corrêa